sábado, 10 de abril de 2010

Monólogo da oliveira

Gogo Korogiannou: Olive Tree
















Sobrevivo com uma pinga de água.
Um olhar de quem passa dá e sobra

muitos meses, um sorriso me basta
para reverdecer por longos anos

- a minha copa foi feita de sonho
e de coisas exactas e tão negras

como pequeno bago de azeitona.
Sinais minúsculos e trespassados

de luz na cerração densa da morte.
Vi romanos, e moiros, e judeus:

o par de mansos olhos do Cordeiro
no meu tronco perdura até ao fim.
José António Almeida

5 comentários:

  1. lindo... vida de coragem!

    beijo

    ResponderEliminar
  2. Muito bonito Zé Rui,
    Se algumas Oliveiras falassem... falariam de muita angustia e dor... como as que estavam num determinado monte há mais de dois mil anos...

    beijinhos
    claudia

    ResponderEliminar
  3. vidas que do pouco fazem muito
    um beijo

    ResponderEliminar
  4. As árvores... contam histórias de vida... e de morte...

    Fabulosos poema. Bj

    ResponderEliminar
  5. No silêncio e sempre em silêncio, elas dão-se à vida, sua e nossa, conscientes da importância que têm,sem alardes, sem grandezas, vestidas de amor e de alguns frutos, para no-los ofertarem e se ofertarem, completamente,das folhas à raiz, no acto suprem da dádiva perfeita!
    Bjs.
    M.M.

    ResponderEliminar