sexta-feira, 18 de junho de 2010

Declaração





















Não, não há morte.
Nem esta pedra é morta,
Nem morto está o fruto que tombou:
Têm vida no contorno dos meus dedos,
Respiram na cadência do meu sangue,
Do bafo que os tocou.
Assim um dia, quando esta mão secar,
Na lembrança doutra mão perdurará,
Como a boca guardará caladamente
O perfume da boca que beijou.

José Saramago
(1922-2010)
in Os poemas possíveis

4 comentários:

  1. Lindo esse poema.
    Deixo também a minha homenagem a esse fantástico escritor que É Saramago.Ficará sempre connosco através das suas palavras.

    ResponderEliminar
  2. Pois que a língua que falo é de outra raça
    - José Saramago

    ResponderEliminar
  3. Belo tributo... Também escolhi esta foto para o Facebook.

    Um beijo (também fizeste obras no blog; ficou muito bem)

    ResponderEliminar
  4. lindíssimo!

    um beijo


    ps - também mudaste a casa... ficou muito bem!

    ResponderEliminar