segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sonata for Ryuteki and Sho

Alguns minutos de tranquilidade com um compositor de que provavelmente não ouviram falar, mas do qual já falei AQUI:
Alan Hovhaness.
A peça: Sonata for Ryuteki and Sho, op. 121

sábado, 28 de novembro de 2009

Se não falas

Speaking Love (Gilbert "Magu" Lujan)

Se não falas, vou encher o meu coração
Com o teu silêncio, e aguentá-lo.
Ficarei quieto, esperando, como a noite
Em sua vigília estrelada,
Com a cabeça pacientemente inclinada.
A manhã certamente virá,
A escuridão se dissipará, e a tua voz
Se derramará em torrentes douradas por todo o céu.
Então as tuas palavras voarão
Em canções de cada ninho dos meus pássaros,
E as tuas melodias brotarão
Em flores por todos os recantos da minha floresta.

(1861-1941)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vintage 2007

2007 foi o ano em que houve mais declarações "Vintage". É assim possível encontrar vinhos do Porto Vintage de boa qualidade em geral , onde a maioria obtém classificações entra 16,5 e 17.
Saliento que os preços foram baseados (sempre que disponível) na consulta à Garrafeira Nacional, a minha preferida, pois a título de exemplo os dois vinhos com 19 valores, podem custar mais 30 Euros noutras lojas!
As minhas escolhas, tendo em conta as notas de prova e a relação qualidade/preço, vão para os seguintes:

----- 19 valores:

Quinta do Vesúvio
, Porto Vintage 2007, €45
Fonseca, Porto Vintage 2007, €55

----- 18 valores:
Quinta da Romaneira
, Porto Vintage 2007, €43

----- 17,5 valores:
Krohn
, Porto Vintage 2007, €21,25
Kopke, Porto Vintage 2007, €35

----- 17 valores:
Barão de Vilar, Porto Vintage 2007, €23
Cruz, Porto Vintage 2007, €30
Quinta do Passadouro, Porto Vintage 2007, €30

Outros vinhos com classificações de 17 ou inferiores, não foram aqui mencionados porque os seus preços eram superiores aos das escolhas apresentadas. Boas provas!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Aprender a estudar















Estudar é muito importante,
mas pode-se estudar de várias maneiras....
Muitas vezes estudar não é só aprender
o que vem nos livros.

Estudar não é só ler nos livros
que há nas escolas.
E também aprender a ser livre,
sem ideias tolas.
Ler um livro é muito importante,
às vezes urgente.
Mas os livros não são o bastante
para a gente ser gente.
É preciso aprender a escrever,
mas também a viver, mas também a sonhar.
É preciso aprender a crescer,
aprender a estudar.

Aprender a crescer quer dizer:
aprender a estudar, a conhecer os outros,
a ajudar os outros,
a viver com os outros.
E quem aprende a viver com os outros
aprende sempre a viver bem consigo próprio.
Não merecer um castigo é estudar.
Estar contente consigo é estudar.
Aprender a terra, aprender o trigo
e ter um amigo também é estudar.

Estudar também é repartir,
também é saber dar
o que a gente souber dividir
para multiplicar.
Estudar é escrever um ditado
sem ninguém nos ditar;
e se um erro nos fôr apontado
é sabê-lo emendar.
É preciso em vez de um tinteiro,
ter uma cabeça que saiba pensar,
pois, na escola da vida, primeiro está saber estudar.

Cantar todas as papoilas de um trigal
é a mais linda conta que se pode fazer.
Dizer apenas música,
quando se ouve um pássaro,
pode ser a mais bela redacção do mundo...
mas pensar é tudo!

(1937-1984)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Direitos da Criança

Em 20 de Novembro de 1989, as Nações Unidas adoptaram por unanimidade a Convenção sobre os Direitos da Criança.
Faz hoje 20 anos (ver Unicef).
É com as crianças e os jovens que trabalho no meu dia-a-dia, é a elas que transmito tudo quanto sei, da música e da vida.
Sinto a forma sincera e incondicional com que se confiam a mim e em mim, sei da responsabilidade de cada palavra ou gesto meu. E do respeito que lhes devo. Por isso, de forma paternal, a elas entrego o meu conhecimento e a minha amizade. Cada aluno sabe que teve/tem/terá em mim mais do que o professor. Confio a cada um a minha arte, e uma grande parte da minha vida.

E porque tenho lido muito de Eugénio de Andrade, aqui deixo um dos seus textos que lhes dedico neste dia:

Em Louvor das Crianças

«Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultâneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância. A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia. Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo, e foi às crianças, como todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso. A sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais — a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer. Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade. Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue. O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos. O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.» (1)
in Rosto Precário

(1) - Nota do bloguista: filhos de Deus somos... ainda que tantas vezes não o pareçamos, e tanto tempo demoremos a aprender tal.
Miserere mei, Deus: secundum magnam misericordiam tuam.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Green God (o Verde Deus)

Trazia consigo a graça
das fontes quando anoitece.
Era o corpo como um rio
em sereno desafio
com as margens quando desce

Andava como quem passa
sem ter tempo de parar.
Ervas nasciam dos passos.
cresciam troncos dos braços
quando os erguia no ar.

Sorria como quem dança.
E desfolhava ao dançar
o corpo, que lhe tremia
a um ritmo que ele sabia
que os deuses devem usar.

E seguia o seu caminho,
porque era um deus que passava.
Alheio a tudo o que via,
enleado na melodia
duma flauta que tocava.

Na Flauta de bambu: Manose (Flautista Nepalês)

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Estação do Livro 2009

Hoje Eu Conto que a Estação do Livro tem o seu início na Biblioteca Municipal do Seixal.
Muitas são as actividades que podem ser consultadas no respectivo site, mas vou aqui "puxar a brasa à minha sardinha": noticio que o meu grupo da música não erudita, Chá dos 5, irá de novo fazer o encerramento no dia 27 de Novembro, pelas 21:30 h, na Biblioteca Municipal do Seixal. Todos estão convidados a comparecer!
Deixo algumas palavras sobre esta actividade, que retirei do site da Câmara Municipal:
"A Estação do Livro acontece este ano de 16 e 27 de Novembro na Biblioteca Municipal do Seixal e em todas as escolas pertencentes à Rede de Bibliotecas Escolares. São trinta e uma as escolas que integram esta rede concelhia, onde vão decorrer um conjunto de iniciativas de animação e promoção da leitura, que vão desde encontros com autores, ateliês, mesas redondas, feiras do livro, exposições e workshops.
O destaque desta edição é o tema anual da Biblioteca: Ver e Olhar. É este o ponto de partida para as actividades que vão envolver professores e alunos, e que pretendem reforçar o olhar atento sobre a arte e a representação.
Além das propostas que decorrem nas Escolas e das Iniciativas Itinerantes, a Biblioteca apresenta ainda um programa com acções de formação orientadas para professores, uma sessão de Conversas com a Escrita e o Café-concerto de encerramento desta estação, mais uma vez ao som do grupo Chá dos 5."

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Tempo


Não sei se te nomeie ou nomeie o vento,
isto que passa
e procura os outros lugares onde o pólen cai.
Talvez uma colmeia confie ao seu mel o que
ficou de um ano
em que a tempestade não se fez ouvir sobre
as corolas.
O que viste antes de Setembro perdeu-se,
apagou-se,
afastou-se sem dizer nada,
como os barcos que pouco a pouco se
afastaram da nossa vida,
calados e brancos,
com as suas gaivotas de asas fechadas,
envelhecendo lado a lado, sobre o convés.

(1948)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O Amor

O Amor.
Queremo-lo infinito.
Em nós e no mundo.
Chamamos por ele, e quantas vezes com a alma aos berros!
Não precisamos de tanto, o amor é pássaro assustadiço, foge dos nossos ruídos interiores.
Não é tempestade nem chuva que enlameie o nosso ser.
É antes nuvem clara, brisa suave.
Escancaramos a alma e ele parece não entrar.
E contudo basta-lhe uma pequena fresta.
Para receber o Amor mais puro não necessitamos gritar.
Basta abrir a alma em esperança, qual flor que se abre para recolher as gotas do orvalho.
José Rui

P.S. - Sim, depois vem a parte mais difícil... conservar, acrescentar, partilhar essas gotas de orvalho!...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Enamorarse y no

Cuando uno se enamora las cuadrillas
del tiempo hacen escala en el olvido
la desdicha se llena de milagros
el miedo se convierte en osadía
y la muerte no sale de su cueva
enamorarse es un presagio gratis
una ventana abierta al árbol nuevo
una proeza de los sentimientos
una bonanza casi insoportable
y un ejercicio contra el infortunio
por el contrario desenamorarse
es ver el cuerpo como es y no
como la otra mirada lo inventaba
es regresar más pobre al viejo enigma
y dar con la tristeza en el espejo.


(1920-2009)

Foi um desafio: encontrar uma tema musical para este maravilhoso poema de Benedetti, esse verdadeiro Gentilhombre.
Encontrei uma pérola: Narciso Yepes a interpretar o 2º and. da Fantasía para un Gentilhombre de Joquín Rodrigo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Com as gaivotas

Espinho, Out. 2009 - Foto de minha autoria

Contente de me dar como as gaivotas
bebo o Outono e a tarde arrefecida.
Perfeito o céu, perfeito o mar, e este amor
por mais que digam é perfeito como a vida.

Tenho tristezas como toda a gente.
E como toda a gente quero alegria.
Mas hoje sou dum céu que tem gaivotas,
leve o diabo essa morte dia a dia.


(1923-2005)
Não resisti a continuar com Eugénio de Andrade...

domingo, 8 de novembro de 2009

Despertar

É um pássaro, é uma rosa,
É o mar que me acorda?
Pássaro ou rosa ou mar,
tudo é ardor, tudo é amor.
Acordar é ser rosa na rosa,
canto na ave, água no mar.

Eugénio de Andrade
(1923-2005)

Novo prémio!

Novo prémio para este blogue!
Tia_Cunhada (não, não é minha tia nem minha cunhada, como tantos perguntam!), do blogue Coisas da Tia ZEN achou que o Eu conto, merece nota 10 na escala de... bem, espero que seja na escala até 10!
Agradeço tal distinção, e saliento que este prémio impõem algumas responsabilidades que não vou cumprir ainda, já que irei fazer uma página para colocar os vários prémios. Aí então escreverei o que me é pedido.

Obrigado, Tia_Cunhada!

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A meio do caminho

Alameda dos liquidâmbares, Serralves, Porto, Out. 2009 - Foto de minha autoria


Fico entre o céu e a terra,
Choro só para dentro.
Sou como a árvore nua
que ao alto os ramos indica:
ergue as asas, mas não voa,
tem raízes, mas não desce.
(1928-2007)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

MySpace

Já visitaram o meu MySpace?
Certamente que já terão ouvido (espero!) as gravações que lá partilho, bem como o vídeo de um excerto de Militango.
Mas agora podem ver um vídeo que Jacinta gentilmente disponibiliza, com um dos temas que integra o seu CD "Songs of Freedom".
Deliciem-se, como eu me deliciei!

domingo, 1 de novembro de 2009

A Vida

Gustav Klimt: A árvore da vida (detalhe da zona central)

Hoje é o dia em que a tradição da Igreja Católica celebra aqueles que já partiram e, assim acredita, alcançaram já a plenitude da comunhão divina.
Isto faz-me reflectir sobre o que é a vida, esse dom que recebemos mas do qual não somos donos. Devemos ter consciência de que a vida nos é dada para a fazer frutificar! E não falo apenas de filhos, essa vida que nasce da nossa vida! Falo também de cultivar esse dom da vida no conhecimento, na vivência espiritual, no amor, nunca deixando que ela seja prisioneira das nossas próprias mãos. Viver na passividade é morrer antes de o corpo ter falecido! É assim que o próprio Homem introduz no mundo a verdadeira morte.
A vida e o que frutifica desse dom, quer circular continuamente tal como a água que corre: se a retemos torna-se salobra, estagnada, apodrece e morre. Colocarmo-nos voluntariamente à margem da corrente da vida, é o maior de todos os nossos pecados. É verdadeiramente a nossa entrega à morte eterna: não dar amor, e por vontade própria renunciar ao amor que nos é dado.
Procuremos então VIVER!