sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A um ti que eu inventei

Pensar em ti é coisa delicada.
É um diluír de tinta espessa e farta
e o passá-la em finíssima aguada
com um pincel de marta.

Um pesar grãos de nada em mínima balança,
um armar de arames cauteloso e atento,
um proteger a chama contra o vento,
pentear cabelinhos de criança.

Um desembaraçar de linhas de costura,
um correr sobre lã que ninguém saiba e oiça,
um planar de gaivota como um lábio a sorrir,

Penso em ti com tamanha ternura
como se fosses vidro ou película de loiça
que apenas com o pensar te pudesses partir.

8 comentários:

  1. Que bela forma de pensares em nós!

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  2. Tão lindo poema que partilhas connosco! Gosto muito da forma como se expressa Gedeão. Muitos beijos.

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  3. Se as palavras de Gedeão pudessem ser reais dentro de alguns de nós e nos tornassem incapazes de mutilar ou estilhaçar a beleza...
    Mas, talvez, para se perceber a delicadeza, seja necessário existir a rudeza.
    Que mundo tão controverso!

    Ana

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  4. penso que quando assim se pensa os tons deste mundo em que vivemos são mais suaves e os seus traços mais ternos
    um beijo e bom ano

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  5. Contracena: Como me identifico com os "atrapalhados" estraga romantismo!
    (Desculpem meter-me na vossa conversa, mas não resisti ao comentário!)
    Zé Rui: o desafio que deixaste no water dream deu um resultado delicioso. Os aforismos estão absolutamente criativos! Arrastas-te toda a gente. Típico de Flautista de hamelin!! ;)

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  6. Não conhecia este poema... tão belo e divertido. Fiquei a conhecer; é o que faz passar por aqui :-)

    Beijinho

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  7. Há muitos anos atrás, perguntava-me muita vez, como é que um Matemático, um Bancário e/ou Químico, seriam capazes de falar de Amor...
    depois, depois aprender que nesta vida, tudo é possível!
    Bjs.
    Maria Mamede

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