
A PRIMAVERA entrou no meu corpo
com suas folhas e flores.
Durante toda a manhã
as abelhas estão zumbindo em mim,
e os ventos ociosos
não se cansam de jogar
com as minhas sombras.
Uma doce fonte
corre do coração do meu coração;
a alegria lava os meus olhos
com o orvalho da manhã;
e a vida vibra em todo o meu ser,
como a corda de um alaúde.
Amor dos meus dias sem fim,
solitário vagabundo das costas da vida,
por onde se espraia o mar alto!
Não dançam à tua volta
as borboletas de mil cores
dos meus sonhos?
Não é este eco das minhas escuras cavernas
o eco das tuas canções?
Quem melhor do que Tu
poderá ouvir este cacho das horas
que hoje palpita nas minhas veias;
estes pés alegres
que bailam no meu coração,
este clamor de vida
que bate as asas inquietas
no meu corpo?
(1861-1941)