domingo, 31 de maio de 2009

Haydn (2)

Viena, 31 de Maio de 1809. Faleceu neste dia, há 200 anos, o compositor Franz Joseph Haydn, o Shakespeare da música, como alguns lhe chamam (Público). Com tantas páginas de notas biográficas já existentes, deixarei aqui a minha homenagem através de uma das suas grandiosas obras: A Criação. Poderemos assistir à magnífica interpretação de William Christie no canal da EMI no YouTube:


Para quem dispuser de banda larga, aconselho a visualização em alta definição (HQ)
Mais alguns links:
Mensagem de 4/3/2009
Museu de Viena (imagens da casa de Haydn)
Haydnmania (muita informação para explorar!)
HAYDN YEAR 2009

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Ninharias

A futilidade alastra por aí, já não é coisa que nos espante. Que as pessoas vivam dessas futilidades e para essas futilidades já começa a preocupar! Ninharias que parecem sempre caber no profundo poço da miséria humana, mas que o vão enchendo até não mais lá ter lugar o verdadeiramente importante. Isto faz pensar!...
Assim acontece nas relações pessoais, matrimoniais, de amizade, de trabalho, perde-se o horizonte do fundamental e vive-se apenas o acessório, o imediato. Valoriza-se mais a pequena parte (às vezes a pior!...) do que o todo, julga-se uma pessoa por um ínfimo gesto, desligado do todo que é a sua vida! E assim nos desiludimos e iludimos tantas vezes, respirando o fútil, o banal, até ficarmos intoxicados; incapazes de inalar a verdadeira riqueza de uma relação, desprezando e desvirtuando a autenticidade do que em nós é realmente grandioso.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Quem pode impedir a Primavera











Quem pode impedir a Primavera

Se as árvores se vão cobrir de flores
E o homem se sentiu sorrir à Vida?

Quem pode impedir a surda guerra
Que vai nos campos deslocando as pedras
- Mudas comparsas no ritmo das estações -
E da terra inerte ergueu milhares de lanças
Que a tremer avançam, cintilantes, para o limite
Em que a luz aquosa se derrama
Como um mar infinito onde o arado
Abre caminhos misteriosos à seiva inquieta!

Quem pode impedir a Primavera
Se estamos em Maio e uma ternura
Nos faz abrir a porta aos viandantes
E o amor se abriga em cada um dos nossos gestos!

Quem?...
Se os sonhos maus do Inverno dão lugar à Primavera!

Ruy Cinatti
(1915-1986)

terça-feira, 19 de maio de 2009

If music be the food of love

If music be the food of love,
Sing on till I am fill’d with joy;
For then my list’ning soul you move
To pleasures that can never cloy.
Your eyes, your mien, your tongue declare
That you are music ev’rywhere.

Pleasures invade both eye and ear,
So fierce the transports are, they wound,
And all my senses feasted are,
Tho’ yet the treat is only sound,
Sure I must perish by your charms,
Unless you save me in your arms.

Henry Heveningham
(1651-1700)



O poeta Henry Heveningham toma as primeiras palavras de Twelfth Night (Noite de Reis), de Shakespeare, seu contemporâneo, e cria este belo poema que tem vindo a ser usado por diversos compositores (Henry Purcell, Jean Belmont, David Dickau, entre outros) como texto para obras vocais.
A versão coral composta por David Dickau aqui apresentada (Symphonic Choir at Smoky Hill High School em Aurora, Colorado, dirigido por Michael Grant), está agora a ser ensaiada pelo CANTATA VIVA, a apresentar em estreia nacional.
Não tendo encontrado uma tradução especializada, arrisquei a minha própria tradução, que aqui apresento, para melhor se perceber o sentido:

Se a música é o alimento do amor,
canta até que a alegria me encha;
então elevarás a minha alma atenta
com prazeres que nunca saciam,
teus olhos, teu rosto, tua língua declaram
que toda tu és música.

Os prazeres invadem olhos e ouvidos,
tão ferozes os entusiasmos são, eles ferem,
e todos os meus sentidos se regalam,
ainda que o manjar seja apenas som.
Certamente perecerei pelos teus encantos,
se não me salvares em teus braços.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Vazio

Apeteceu-me nada dizer, deixar que sejais vós a fazê-lo.
Porque este blogue não é só meu, é também vosso: a riqueza está na partilha!
Esta mensagem é para ser construída nos comentários.
Todos estão convidados! Atrevam-se!
Um poema, citação, observação… tudo menos a indiferença!
É um desafio: vencer a passividade!
Está bem, então serei o primeiro.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Museus e Turismo

Uma excelente iniciativa de que dou notícia, transcrevendo o que pode ler-se no site do Ministério da Cultura.
Sugiro uma visita ao site dedicado a este dia, onde é possível a consulta por zonas do país:
http://www.imc-ip.pt/diadosmuseus




Noite dos Museus e Dia Internacional dos Museus

Os museus e palácios do Instituto dos Museus e da Conservação, I.P. celebram no próximo dia 18 de Maio, o Dia Internacional dos Museus, subordinado ao tema “Museus e Turismo”.

As comemorações iniciam-se no fim-de-semana de 16 e 17 de Maio, constituindo uma oportunidade para o público afluir aos museus em horários “fora de horas” e para participarem em actividades diversificadas, de carácter lúdico e cultura, como exposições, ateliês, concertos, peças de teatro, filmes e gastronomia.

A Noite dos Museus vai decorrer a 16 de Maio (Sábado) e constitui um desafio lançado aos museus para criar novos públicos através de programações concebidas para o efeito, exposições, visitas guiadas, concertos e grupos de teatro.

A entrada será gratuita na Noite de 16 de Maio e no dia 18 de Maio, em que os museus estarão excepcionalmente abertos ao público.

Além dos museus e palácios dependentes do IMC, também os restantes museus integrados na Rede Portuguesa de Museus se associam às celebrações de 16 e 18 de Maio, com a promoção de um programa muito expressivo que inclui 548 actividades nos museus e palácios envolvidos.

Em anexo poderá consultar a agenda (formato .pdf)

quarta-feira, 13 de maio de 2009

À Virgem Maria










Neste presente que ainda seguro,
Eu vejo fugir o fio condutor,
Que com Maria fiz o meu futuro,
Do qual nasceu um santuário d' amor.

Agora que sou a flor do Jardim,
De caule frágil resistindo ao vento,
Quero nunca sentir perto o meu fim,
Mesmo no limiar desse momento.

Tu que guiaste meus passos na vida,
Não me tornes flor estiolada ao sol!
Que nunca eu faça parte desse rol!

A Ti, hoje e sempre a minha guarida,
Só peço agora, Teus braços p'ra berço.
Teu amor de Mãe, jamais eu esqueço!

Maria Clóvis
in Amores Perfeitos (2006)

Ainda existem online alguns vestígios do lançamento do livro Amores Perfeitos, de Maria Clóvis, poetisa que está agora na paz daquela a quem dedicou este soneto.
Diz a autora, "Também já fui flor, hoje sou raiz". Estou certo que na eternidade é de novo flor. Flores também o são as sementes que deixou neste mundo.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O que estou a ouvir

Sempre senti grande atracção pela música que nela encerra uma forte componente espiritual, que nos eleva e aproxima do divino. Na música contemporânea esse elemento tornou-se mais raro. Fiquei feliz ao descobrir alguns compositores que deram importância a esse factor, como Rautavaara, Tavener, Sumera, Kancheli ou Arvo Pärt, que hoje aqui destaco.
O disco IN PRINCIPIO (Março, 2009) alia a música coral à instrumental, resultando num todo de rara beleza que se revela desde a primeira peça (dá o título ao CD). In Principio baseia-se nas palavras do Evangelho de S. João: "No princípio era o Verbo...". Há nele uma matiz de Mozart, pela transparência da orquestração, e uma forte sombra de Beethoven, pelo poder que transmite nos momentos mais fortes.
A plena quietude pode ser encontrada numa das mais belas peças deste disco: Da pacem Domine. Mais do que as minhas palavras, falará por si a audição e visualização que aqui vos proponho (tenham em conta que no CD o som está muito melhor, num agradável ambiente reverberante. O título desta peça não está correcto no Youtube. Efectivamente é Da pacem Domine):
Não resisto a sugerir a visualização da explicação do mestre sobre a sua peça Für Alina AQUI, e depois a sua audição AQUI.
"Dar a uma erva a importância de uma flor". Perceberemos então a genealidade do compositor!

terça-feira, 5 de maio de 2009

Receitas Saudáveis

Adivinha-se que um apreciador de um bom vinho, que o degusta apreciando nele toda a arte que levou à sua criação e o resultado final, também aprecie uma boa comida. Não necessariamente em quantidade (há que controlar...) mas na riqueza dos sabores e aromas que podemos encontrar na alimentação. São maravilhosas as receitas da cozinha tradicional, muitas delas até saudáveis e equilibradas, mas nem todas ajustadas ao nosso padrão de vida citadino (não gastamos todas as calorias que elas nos fornecem).
No dia a dia há que recorrer a alternativas saudáveis e, nos dias que correm, se possível também económicas. Eu dou aqui a minha colaboração! Claro que não vou cozinhar no blogue, mas indico onde encontrar as receitas: precisamente AQUI, integradas no site da Plataforma Contra a Obesidade. Bom tempero!

domingo, 3 de maio de 2009

Quando eu nasci









Quando eu nasci,
Ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram as veias,
Nem o Sol escureceu,
Nem houve Estrelas a mais…
Somente,
Esquecida das dores,
A minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
Não houve nada de novo
Senão eu.

As nuvens não se espantaram,
Não enlouqueceu ninguém…

P'ra que o dia fosse enorme,
Bastava
Toda a ternura que olhava
Nos olhos de minha Mãe…