quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

100!

Comemoramos hoje algumas coisas:

100ª mensagem
1 ano de "Eu conto"
E se leram a mensagem de há um ano...




Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!

(1919-2004)

domingo, 25 de janeiro de 2009

A Curva dos Teus Olhos

Alaya Gadeh: Secrets of Life










A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.

(1895-1952)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

The Boss

Bruce Springsteen está de volta, agora com o álbum "Working on a Dream". Não seria ainda notícia aqui, já que só sairá a 26 de Janeiro, mas há quem já o tenha ouvido (crítica no Ípsilon, do Público, por Mário Lopes).
É notícia também porque podem ouvir já um dos temas: download legal e gratuito do tema "Life itself" Aqui .

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ondas

"Todo o litoral a Norte do rio Tejo está hoje com o aviso máximo, Vermelho, do Instituto de Meteorologia (IM) por se prever ondulação forte entre os seis e os nove metros."
Pode ler-se no PÚBLICO.

Como é belo o mar no Inverno, como é belo de contemplar.
As ondas, na sua imponência, desafiam as barreiras de defesa. Batem nos rochedos, teimosas, persistentes.
No Inverno podem quebrar à vontade na praia, despojadas da massa humana que no Verão mal as deixa ver.
E lavam a praia, de todas as sujidades que por lá vão ficando, sem ligar às tabuletas que as catalogam, sem ligar aos homens que delas se tentam apropriar.
Assim pudessem os homens ser invadidos por ondas que lavassem tanta sujidade que fica espalhada no seu coração...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ary dos Santos

José Carlos Ary dos Santos (Lisboa, 7 de Dezembro de 1937 — 18 de Janeiro de 1984), faleceu há 25 anos, efeméride que hoje se assinala.
A sua ligação com a música, com as canções e seus cantores, é incontornável: deixou cerca de 600 textos destinados a canções. É sem dúvida um dos melhores letristas da música portuguesa. Cantores como Carlos do Carmo, Fernado Tordo, Paulo de Carvalho, Simone de Oliveira, trabalharam directamente com o poeta.
A sua obra foi editada ao longo de 19 livros e algumas declamações gravadas.
Fica aqui um dos seus sonetos. Voltarei a Ary ao longo deste ano.

Epígrafe

De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
- expressão da multidão que está comigo.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Farol

Pintura a óleo: Lewis and Lewis
Faróis distantes...
Incerteza da vida...
Voltou crescendo a luz acesa avançadamente,
No acaso do olhar perdido...

Álvaro de Campos
(Fernando Pessoa)




Dominador da escuridão, forte e incisivo, o farol atira-se contra a noite, na tormenta e na bonança. Assinala os perigos, encaminha para bom porto, dá referências para navegar.
Assim é o ideal. Edificação grandiosa que sobressai na vida de cada qual. Nas horas calmas é belo de contemplar. Nas difíceis, ele está lá: luminoso, forte e seguro, na sua total grandeza. Quem nunca o edificou sentir-se-à perdido, abandonado às vagas incertas, vencido.
Um ideal! Saber o que se quer na vida, dar sentido ao viver.
Numa fortaleza assim erguida, ainda que a chama se apague, alguém a virá acender.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Chove...

Foto: Niva (Praying in the rain)
Há poemas que são como a música, sabe sempre bem voltar a recordar.
Ler de novo, ouvir de novo, porque em cada estado de alma ressoa de forma diferente.
Nunca se lê um poema duas vezes de forma igual.
Este, porventura bastante conhecido, foi hoje revisitado pelo meu pensamento.


Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

(1900-1985)

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O que estou a ouvir

Lynyrd Skynyrd ('lĕh-'nérd 'skin-'nérd).
Fazem parte do The Rock & Roll Hall Of Fame.
Ocupam o lugar 95 entre os 100 melhores artistas de sempre, nomeados pela revista Rolling Stone.
Alguém os conhece?
O seu melhor álbum: Second Helping (1974, faz este ano o 35º aniversário!)
Para quem gosta de Neil Young, The Yardbirds, The Who, etc., ou simplesmente para quem quiser conhecer uma das importantes bandas da história do Rock!
Lynyrd Skynyrd - Wikipedia (inglês, mais completo)
Lynyrd Skynyrd - Wikipédia (português)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Neve

Espreitei a beleza da neve em Olhares, díspares! (felicito a autora pelas fotos que ali nos proporciona, de onde foi retirada a que ilustra esta mensagem).
Fiquei a pensar no quanto a neve cobre, e que belo é esse manto uniformemente branco, moldando-se à forma do que pelos leves flocos é coberto.
Mas a neve derrete. Umas vezes pelo sol que nela se reflecte e torna mais bela, outras vezes pela chuva, que além de a derreter torna ainda o chão lamacento. Mostra-nos então um chão que era sujo e sujo se mantém: a neve cubrira-o mas não o vencera. Oh, desilusão!
Assim acontece com quem se deixa entusiasmar apenas pelo aspecto exterior e esquece o interior, a beleza que vai na alma.

sábado, 10 de janeiro de 2009

O amor









 Ainda que eu fale as línguas
dos homens e dos anjos, se não tiver amor,
sou como um bronze que soa
ou um címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom da profecia
e conheça todos os mistérios e toda a ciência,
ainda que eu tenha tão grande fé
que transporte montanhas,
se não tiver amor, nada sou.
Ainda que eu distribua todos os meus bens
e entregue o meu corpo para ser queimado,
se não tiver amor, de nada me aproveita.

O amor é paciente, o amor é prestável,
não é invejoso,
não é arrogante nem orgulhoso,
nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita nem guarda ressentimento.
Não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.

O amor jamais passará.
As profecias terão o seu fim,
o dom das línguas terminará
e a ciência vai ser inútil.
Pois o nosso conhecimento é imperfeito
e também imperfeita é a nossa profecia.
Mas, quando vier o que é perfeito,
o que é imperfeito desaparecerá.
Agora permanecem estas três coisas:
a fé, a esperança e o amor;
mas a maior de todas é o amor.

1ª Carta de S. Paulo aos Coríntios 13, 1-10.13

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Freddie Hubbard

Perdemos outra lenda do jazz
Sou de uma geração que teve a felicidade de ver e ouvir ao vivo grandes pilares do Jazz. Sou da mesma geração que os vê partir. Sou da geração que, por ter estado perto deles, muito sente a sua perda.
Um dos maiores trompetistas de sempre, Freddie Hubbard (1938-2008) combinava a técnica de Clifford Brown, a garra de Lee Morgan e a sensibilidade de Miles Davis. Atravessou todas as correntes jazzísticas do seu tempo, do hard bop ao free jazz, sendo ainda grande influência para os novos valores do seu instrumento.
Na sua discografia contei 93 registos, mas terá participado em mais de 300 gravações, com diversos músicos. Inesquecível a sua participação em obras fundamentais do Jazz, como Blues and the Abstract Truth (Oliver Nelson), brilhando em "Stolen Moments" (ver post), Out to Lunch (Eric Dolphy) ou Maiden Voyage (Herbie Hancock).
Dos seus discos destacam-se Ready for Freddie (Blue Note, 1961), Red Clay (CBS, 1970), Straight Life (Columbia, 1970), First Light (CTI, 1972, vencedor de um Grammy). Há ainda excelentes discos posteriores, como Above & Beyond (Metropolitan, 1999 - gravado em 1982).
Afastado do seu instrumento durante a década de 90 devido a problemas nos lábios, resurgiu nos anos mais recentes integrando o New Jazz Composers Octet (David Weiss).
Para celebrar os seu 70 anos gravou o disco On the Real Side (Times Square, 2008).
Perdemos outra lenda do jazz. Foi a 29 de Dezembro.
Freddie Hubbard na Wikipedia

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Mulher Inspiradora















Picasso: Cabeça de uma mulher

Mulher, não és só obra de Deus;
os homens vão-te criando eternamente
com a formosura dos seus corações,
e os seus anseios
vestiram de glória a tua juventude.

Por ti o poeta vai tecendo
a sua imaginária tela de oiro:
o pintor dá às tuas formas,
dia após dia,
nova imortalidade.

Para te adornar, para te vestir,
para tornar-te mais preciosa,
o mar traz as suas pérolas,
a terra o seu oiro,
sua flor os jardins do Verão.

Mulher, és meio mulher,
meio sonho.

domingo, 4 de janeiro de 2009

O tempo presente

"Se você se render completamente aos momentos que passam, enriquecerá a sua vida."
Anne Morrow Lindbergh
(1906-2001)

Esta frase fez-me pensar em todos aqueles que vivem a sua vida baseados nas glórias passadas, ou colocam todas as esperanças no futuro. Assim, esquecem-se que vivem no presente; acabam por viver uma vida permanentemente adiada. Claro que cada momento do nosso passado faz parte de nós, está connosco no presente; claro que a nossa prespectiva do futuro, tem influência na nossa realidade actual. Mas será isso que nos faz sentir verdadeiramente felizes? Estará aí a nossa alegria? Engana-se quem julga que a felicidade é um fim, já alguém o disse, e se esquece que é antes o estado de espírito com que se caminha, com que se percorre cada curva do caminho para encontrá-la.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Propósitos de Ano Novo









Serei verdadeiro, porque há quem confie em mim;
Serei puro, porque há quem me queira;
Serei forte, porque há muito para sofrer;
Serei corajoso, porque há muito que enfrentar;
Serei amigo de todos - dos inimigos, dos sem amigos;
Quero dar e esquecer a dádiva;
Quero ser humilde, porque conheço a minha fraqueza;
Quero olhar para cima - e rir - e amar - e elevar-me.

Howard Arnold Walter
(1883-1918)