sábado, 29 de novembro de 2008

Perguntei a um sábio











Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre Amor e Amizade,
ele me disse essa verdade...
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem alegre,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O que estou a ouvir

Tive oportunidade de ver Michael Brecker na primeira edição do Seixal Jazz, em 1996. Foi um dos melhores concertos que passaram por aquela sala (Michael Brecker Group: Michael Brecker (saxofone tenor); Joey Calderazzo (piano); James Genus (contrabaixo); Jeff “Tain” Watts (bateria).
Com tristeza recebi a notícia do seu falecimento aos 57 anos, devido a uma leucemia, a 13 de Janeiro de 2007. Era um dos saxofonistas que eu muito admirava, um dos maiores de sempre.
Saxophone Summit, grupo que o próprio Brecker integrava, presta-lhe agora uma justa homenagem com os saxofonistas Joe Lovano, Dave Liebman e Ravi Coltrane, no CD Seraphic Light. Será interessante espreitar o depoimento destes e outros músicos que tocam no CD, na mensagem colocada no YouTube (inclui Randy Brecker, irmão de Michael, e Ravi Coltrane, filho do grande John Coltrane e Alice, falecidos na mesma semana que Michael Brecker).
Bela a música, bela a intenção. Não deixem de ouvir; um CD que muito recomendo.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Avondano Ensemble

Falei deste projecto musical numa mensagem anterior.
Alerto agora para a oportunidade de assistir à apresentação feita no Museu da Música, Quinta-Feira, 27 de Novembro, 19:00 h.
Será possível assistir também a este concerto via Internet através da Beira TV http://www.beiratv.pt/

A entrada é livre, no museu e no computador :-)

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Jacinta - Convexo

Não podia deixar de divulgar esta iniciativa da revista NOVA GENTE, ainda mais tratando-se da minha amiga Jacinta:
(Clicar na imagem para a ver ampliada)

Poema para Galileo

Louvo e divulgo aqui a iniciativa do jornal PÚBLICO, de convidar 35 cientistas portugueses para lerem o «Poema para Galileo», de António Gedeão, iniciativa associada ao dia 24 de Novembro, Dia Nacional da Cultura Científica.
António Gedeão (quem não conhece "Pedra Filosofal") era, como se sabe, o pseudónimo de Rómulo de Carvalho, notável professor, pedagogo e investigador, que comecei a admirar ao estudar pelos seus livros de Física. Só muito mais tarde vim a saber que ele era também António Gedeão. O Dia Nacional da Cultura Científica foi escolhido precisamente para a data que comemora o seu nascimento.
Fica aqui a pág. do PÚBLICO que tem o vídeo e mais algumas ligações adicionais:

sábado, 22 de novembro de 2008

Bom e barato!

"Vinhos bons e em conta", pedem-me várias vezes que sugira alguns. Então aqui vai uma selecção de tintos de várias zonas do país que apresenta excelente relação qualidade/preço, já que será possível encontrá-los abaixo dos 5 Eur.:
(vou classificá-los de 0 a 5)


Douro: Lello 2006 (4,5)
Vinha Regia 2005 (4,5)
Beiras: Terra Franca 2006 (4)
Távora-Varosa: Terras do Demo Reserva 2003 (4,5)
Bairrada: Selecção de Enófilos 2005 (4)
Dão: Casa de Santar 2005 (4,5)
Beira Interior: Quinta do Cardo 2005 (4)
Estremadura: Portada 2006 (4)
Ribatejo: Quinta da Alorna 2006 (4,5)
Terras do Sado: Meia Pipa 2006 (4,5)
Palmela: Dona Ermelinda 2006 (4)
Alentejo: Tinto da Talha 2005 (4,5)
Reguengos Reserva 2005 (4,5)
Anta da Serra 2006 (4,5)

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Ergo uma rosa...

Ergo uma rosa, e tudo se ilumina
Como a lua não faz nem o sol pode
Cobra de luz ardente e enroscada
Ou vento de cabelos que sacode

Ergo uma rosa e grito a quantas aves
O céu pontuam de ninhos e de cantos
Bato no chão a ordem que decide
A união dos demos e dos santos

Ergo uma rosa um corpo e um destino
Contra o frio da noite que se atreve
E da seiva da rosa e do meu sangue
Construo perenidade em vida breve

Ergo uma rosa e deixo e abandono
Quanto me doi de mágoas e assombros
Ergo uma rosa sim e ouço a vida
Neste cantar das aves nos meus ombros





Conhecido o poema e seu autor, descobri agora um cantor e uma bailarina que lhe deram mais vida: Luis Pastor e María Pagés


A versão de Luis Pastor:

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Militango

Passaram já alguns anos mas continua presente na memória como uma das mais belas produções em que participei. Ficou a recordação em http://www.militango.net/. Aqui partilho o vídeo do tema que dava o nome ao espectáculo Militango:


O Espectáculo:
A palavra falada-cantada, a música e a dança, são as linguagens particulares de Militango, um espectáculo de «Teatrova» que propõe uma realidade cénica na qual tudo se subordina à poesia. Assim, músicos, bailarinos e actriz formam um todo único que nos aproxima a um dos maiores criadores do século XX: Astor Piazzolla.

O Tema:
Militango, (obra que dá título ao espectáculo) é um tango «apocalíptico» para um novo milénio. Crítica às estratégias triunfalistas das elites que pretendem substituir a ética pela tecnologia.

José Rui Fernandes - Flauta
Carlos Gutkin - Guitarra
Paula Freitas - Actriz
Elina e Guillermo - Bailarinos
Adolfo Gutkin - Encenador

Devo mencionar ainda à preciosa colaboração de Henrique Martins como técnico de som (e de tantas outras coisas!) e do Sérgio como técnico de iluminação. Fizeram parte de todos os espectáculos que demos em vários locais do país, partilhando connosco o trabalho e a amizade.
Todas as fotografias apresentadas sairam do olhar de Rosa Reis, e foram registadas pela sua máquina.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pe. José Kentenich - 123 anos

"Mais do que nunca, devemos agora aprender e ensinar a arte de nadar contra a corrente, apesar de toda a nossa vontade de acompanhar o tempo (...). Cada vez se torna mais importante a educação da consciência, para torná-la directamente norma obrigatória da vida e da acção. Mais do que antes, o que importa agora é educar-se a si mesmo e a outros no sentido da conquista da verdadeira liberdade dos filhos de Deus. Quer dizer, educar a capacidade e disposição de decidir por si mesmo, responsável e conscientemente, no sentido de Deus e de levar a cabo essa decisão de forma consequente e corajosa, apesar de todos os obstáculos que se apresentem no caminho."

Nascido em Gymnich, Alemanha, a 18 de Novembro de 1885, virá a entrar em 1906 na Sociedade do Apostolado Católico (Padres Pallottinos). Dois anos depois da sua ordenação sacerdotal, é nomeado em 1912 director espiritual do Seminário de Schoenstatt, onde veio a fundar o Movimento Apostólico que daí recebeu o nome. Perseguido pelo regime nacional-socialista, foi preso e passou vários anos no campo de concentração de Dachau. Após o fim da guerra, dedicou-se a fomentar o crescimento do Movimento de Schoenstatt noutros países. Faleceu em 1968, depois de ver a sua Obra examinada e finalmente aprovada pela Sé Apostólica. Sobre o seu túmulo está gravada a inscrição: Dilexit Ecclesiam (Amou a Igreja).

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Ode à Alegria

Todos nós já ouvimos o final da 9ª Sinfonia de Beethoven, parte coral com poema de Friedrich von Schiller, muito conhecido como o Hino da Alegria. Aqui fica a sua tradução para que melhor se entenda.



ODE À ALEGRIA

[Meus amigos, paremos com estes sons!
Levantemos aos céus cânticos mais belos,
E plenos de alegria!]

Alegria, a mais bonita flama dos deuses,
Filha de Eliseu,
Inspirados pelo fogo, entramos
No teu templo glorioso.
O teu fascínio aproxima
Aquilo que o mundo separa;
Todos os homens se tornam irmãos
Quando as tuas suaves asas nos conduzem.

Quem conseguiu o bem supremo
De fazer amizade com um amigo,
Ou obteve uma doce esposa,
Esteja connosco em grande júbilo!

Sim, quem apenas uma alma
No mundo possa chamar sua!
Mas quem não o puder fazer,
Chorando, abandone então estes lugares.

Que todas as criaturas bebam a alegria
Nos belos seios da Natureza;
Todos os justos, e os injustos,
Igualmente provem o gosto do seu dom.

Ela deu-nos beijos e bom vinho,
E um amigo garantido até à morte.
Igual volúpia foi concedida aos próprios vermes,
E os Querubins surgem de pé perante Deus!

Alegres, como os corpos celestes
Que Ele colocou nos seus cursos
Através do esplendor do firmamento;
Assim, irmãos, vós deveis seguir vosso caminho
Como o herói avança para a sua conquista.

A vocês, milhões, eu dou meu grande abraço
Com este beijo para todo o mundo!
Irmãos, no mais alto dos céus
Deve reinar um Pai de amor.
Todos vós, milhões, vos prostrais?
Mundo, conheces o teu Criador?
Procura-0 então nos céus!
Ele deve habitar por sobre as estrelas.


(Tradução de Diogo Freitas do Amaral)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Subir

Olhando para a montanha, os menos experientes sofrem a tentação de a escalar de uma só vez: não tarda a sofrerem do mal das alturas, a falta de oxigenação sanguínea, cansaço, etc., e lá vêm por aí abaixo.
Outros há que sabem refrear os seus intentos, e procuram fazer a escalada de uma forma serena, lenta, progressiva, não se esquecendo de desfrutar do prazer da subida, de se deleitar com a beleza da paisagem.
O mesmo se passa na vida, há quem queira subir depressa demais, sem olhar a meios, capaz de espezinhar até aqueles que o ajudam a subir. Até que um dia são arrastados pelos pedregulhos ou pelos aludes, e aí vêm eles por vezes até mais abaixo do que o ponto de partida.
Há que valorizar a humildade de quem sobe pouco a pouco, calculando bem cada passo. De quem constrói bem os alicerces do edifício para que venha a atingir as alturas. Maior valor têm ainda aqueles que em qualquer ponto da subida da montanha ou de qualquer andar do edifício, nunca deixam de ajudar os que estão acima, abaixo ou ao lado.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O que estou a ouvir

Tendo encontrado Carlos Martins (que até foi meu colega no Conservatório) entre a assistência do concerto de Cindy Blackman no Seixal Jazz, a minha amiga Carla cedeu-me um CD que me tinha passado "Do Outro Lado". "Viagens do Fado" poderia ser outro título deste disco (era esse o nome inicial), um projecto que integrou música de três continentes (Europa - América - África) partindo das influências musicais à volta do fado. Nele participam o quarteto de Carlos Martins, a Orquestra Sinfonietta de Lisboa e os convidados Mayra Andrade, Ney Matogrosso, Camané e Carlos do Carmo. Óptima oportunidade de degustar esta proposta musical que embarca numa viagem pelo Fado, a Morna cabo-verdiana, o o Choro brasileiro e o Jazz.
Ouvi este disco continuamente durante uma semana, de tal forma me prendeu a atenção e a emoção. A orquestra nunca é intrusiva, tal como o quarteto deste nosso grande saxofonista, deixando sempre espaço para o Saxofone ir "cantando" as músicas com o sentimento que lhes é próprio, mas com o sabor do Jazz sempre presente (está-lhe no sangue, claro!). Não deixe de o ouvir, acredita que um Saxofone pode cantar?
Se não acreditar em mim, acredite no musicólogo Rui Vieira Nery. Acerca de “Do Outro Lado”, escreve assim:
O resultado é, a meu ver, um dos álbuns mais comoventes que se gravaram em Portugal nos últimos anos, em qualquer género musical, e uma proposta artística que é uma homenagem sentida aos povos lusófonos e à sua identidade colectiva no mosaico do Mundo."
Esgotadas as edições anteriores, creio que já vai na 3ª edição, e mesmo assim este CD passou ao lado de tantos de nós. É de audição obrigatória!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Por que conto eu?

Ao escolher um nome para este blogue escolhi, como já viram, o nome Eu conto. E porque o fiz? Há no nome dois sentidos. Eu conto porque digo o que penso. Eu conto, porque cada um de nós conta neste mundo em que vivemos. Então se Eu conto, resolvi ir contando no blogue porque assim penso.
Há reflexões, conhecimentos, opiniões, que devem ser partilhadas. Há quem apenas goste de o fazer numa esfera mais íntima. Foi também assim que o fiz sempre. Mas a dado momento comecei a perceber que as minhas modestas ideias poderiam contar para mais alguém. Hoje recebo mensagens de pessoas que nem conheço, dizendo que as minhas palavras, a minha escolha de poemas, de CDs, foram importantes para elas. Então não seria importante se todos nós falássemos mais uns com os outros? Quantos há com qualidades e capacidades muito superiores às minhas que deixam as suas palavras por dizer? E mesmo os mais simples e humildes, que histórias de vida não encerram neles e que ficam por contar?
Por ser dia de S. Martinho lembrei-me do meu avô materno, Eduardo, o Sr. Lopes, como era conhecido em Bragança. Neste dia assava deliciosas castanhas à lareira, com um saber e empenho como se fosse essa a sua profissão. E enquanto nos deliciávamos com as tostadas sementes saídas do ouriço, contava-nos as suas histórias, transmitia-nos oralmente o seu testemunho de uma vida, ensinava-nos os valores que fizeram dele um homem respeitado em toda a cidade onde vivia; um simples soldado da Guarda Fiscal mas muito considerado, desde os humildes vizinhos (de quem chegava a ser "enfermeiro"!) até aos coronéis que serviu com lealdade.
Sim amigos, mesmo o cidadão mais anónimo conta. Não importa o que cada um é na vida, conta muito mais a forma como o é.

No teu poema

Trauteava na cabeça uma canção de José Luís Tinoco que se tornou conhecida na voz de Carlos do Carmo:
Tem poesia na letra, tem poesia na música.
De tão bela que é, resolvi publicá-la aqui.


No teu poema

Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida

No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta uma varanda para o mundo

Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da Senhora d'Agonia e o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte

No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha

No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano

Existe um rio
O canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra e um só destino a embarcar
No cais da nova nau das descobertas

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte


No teu poema

Existe a esperança acesa atrás do mundo
Existe tudo mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera do futuro

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cantata Viva

Por gentileza do amigo Paulo Silva, aqui divulgo a Balada do Outono (José Afonso), interpretada pelo Cantata Viva, coral que dirijo.
Aconteceu no IX Encontro de Coros, Silves (8/10/2008).



Ao Paulo, um obrigado pelo seu trabalho que todos reconhecemos, apreciamos e agradecemos.

domingo, 9 de novembro de 2008

Os Amigos

Esses estranhos que nós amamos
e nos amam
olhamos para eles e são sempre
adolescentes, assustados e sós
sem nenhum sentido prático
sem grande noção da ameaça ou da renúncia
que sobre a luz incide
descuidados e intensos no seu exagero
de temporalidade pura

Um dia acordamos tristes da sua tristeza
pois o fortuito significado dos campos
explica por outras palavras
aquilo que tornava os olhos incomparáveis

Mas a impressão maior é a da alegria
de uma maneira que nem se consegue
e por isso ténue, misteriosa:
talvez seja assim todo o amor
José Tolentino de Mendonça (1965)
De Igual Para Igual

E alegre se fez triste

Manuel Alegre, poeta que admiro, nem sempre de acordo com as suas ideias, mas sem dúvida um pensador, defensor da democarcia e da liberdade, um inconformado que se recusa a deixar-se massificar. Aqui destaco um poema que me remeteu para a poesia de Camões ("Aquela triste e leda madrugada"). Foi brilhantemente musicado por José Niza e Cantado por Adriano Correia de Oliveira:

E alegre se fez triste

Aquela clara madrugada que

Viu lágrimas correrem do teu rosto
E alegre se fez triste como se
Chovesse de repente em pleno Agosto.

Ela só viu dedos nos teus dedos
meu nome no teu nome. E demorados
Viu nossos olhos juntos nos segredos
Que em silêncio dissemos separados.

A clara madrugada em que parti.
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
Por onde um automóvel se afastava.

E viu que a pátria estava toda em ti.
E ouviu dizer-me adeus: essa palavra
Que fez tão triste a clara madrugada.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Diário de Bordo

Depois de uma conversa com a D. Maria Antónia, funcionária da secretaria da minha escola que tantos anos a tornaram numa amiga, ocorreu-me publicar aqui, e dedicar-lhe, um poema de Sebastião da Gama:

Diário de Bordo


Cá estou eu,
a julgar que vou remando...

Cá vai Deus a remar
E eu a ser um remo com que Deus
Rasga caminhos pelo Mar...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Novembro

É em Novembro, rugem procelas...
Deus nos acuda, nos livre delas!
Guerra Junqueiro

Neste mês Outonal em que as chuvas e o frio nos fazem tiritar, pensemos no que nos faz tiritar a alma. Será que as procelas, a agitação, as tempestades não ocorrem também nela? Sim, e não são um acontecimento sazonal, como na natureza. Na alma podem ser constantes, desencadeiam-se quando menos esperamos, e, seja Verão ou Inverno, é grande o arrepio interior.
Falamos por isso em procurar a paz de espírito, a paz interior. Pensemos então, não nos acomodemos, e procuremos onde a encontrar.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Bilhetinho

Aconchega-te, Amor, em minha vida.
Entra na minha vida e fica lá,
sem ocupar lugar.
Que eu não te veja com os olhos, querida,
que não sinta sequer que tu ficaste,
mas adivinhe que sem ti ali
à minha vida, quarto onde entraste,
nem ao menos podia chamar vida.


Sebastião da Gama (1924-1952)

A minha homenagem a Sebastião da Gama, poeta tão próximo, quase vizinho, cuja tão breve vida, tanto a poesia enriqueceu.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Fugas

Aos meus amigos apreciadores da enologia, chamo a atenção para o destacável Fugas sobre vinhos, do jornal PÚBLICO. Quem não o leu em papel, pode obtê-lo em pdf aqui:

O que estou a ouvir

Comecei na minha juventude a ouvir o programa de rádio "Em Órbita", na Rádio Comercial. Era o meu ponto de contacto com a música erudita. Os discos deste estilo musical não abundavam lá por casa e nunca assistira ao vivo a um concerto. No entanto ia gravando algumas cassetes com obras que passavam neste saudoso programa.
Uma das cassetes que gravei, passaram já 30 anos e ainda a conservo, tem um dos concertos de Órgão compostos por Handel. Recordo-me que a ouvi vezes sem conta. Mais tarde vim a ouvir todos estes 6 concertos brilhantemente executados por Ton Koopman.
Fiquei renovadamente seduzido pelos concertos de Órgão ao ouvir uma recente edição, agora que caminhamos para a efeméride dos 250 anos da morte de Handel. Trata-se do CD que aqui apresento, "Handel, Organ Concertos, Op. 4; Egarr, Academy Of Ancient Music" (HMU807446).
Tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com Richard Egarr nos Cursos de Música Antiga da Casa de Mateus, tocando na orquestra dirigida por ele. Desde há 20 anos que acompanho o seu fabuloso percurso, em que nos tem brindado com extraordinários trabalhos. Dirige agora a Academy of Ancient Music, sucedendo ao admirável Christopher Hogwood.
Fica então aqui esta sugestão de audição para todos quantos não conhecem estes concertos, ou para aqueles que os querem redescobrir ouvindo a frescura desta nova gravação. Dado que é um "Super audio CD (SACD)", permite ainda a quem tenha sistemas próprios, ouvir toda a envolvência do local da gravação, sendo também compatível com os tradicionais leitores de CD.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Desperta


Desperta com o sol, com a madrugada,
Desperta com o dia que aparece;
Sê com o orvalho e a luz recém-nascida
Mas, ao contrário deles, permanece.

As névoas se desprendem do que és;
Elas são só o que podemos ver.
Vem e entra nos nossos corações
E deixa aí a vida acontecer.

A manhã pertence ao mundo vazio;

Os homens aqui não chegam tão cedo.
Vem e deixa a vida desprender-se
Lenta, de ti, tal como o medo.

E em teu ser terrível nada mais:
Apenas tu, sem corpo ou alma, assim.
Verte o teu bálsamo na fronte triste
E faz a esperança cumprir-se em mim!

Fernando Pessoa (1888-1935)
Poesia Inglesa II

domingo, 2 de novembro de 2008

Bênção

Um dia para dedicar aos que já partiram. É o que a Igreja Católica nos propõem para hoje, Dia dos Fiéis Defuntos, e geralmente aceite por crentes e não crentes. Que não seja um dia vivido em tristeza nostálgica. Que seja um dia para celebrar a vida e não a morte. Um dia para esperar na vida em comunhão com todos os Santos, a extensão do que ontem, exactamente Dia de Todos os Santos, se comemorava. Deverá ser esta a diferença para os crentes. Por isso a Igreja continua a afirmar a certeza da ressurreição: Dai-lhes, Senhor, o eterno descanso, entre os esplendores da luz perpétua. Descansem em paz. Ámen.
Neste dia gostaria de oferecer-vos um tema da autoria do meu amigo José Sebastião, ou Zé Primavera, que eu harmonizei, (a letra é uma oração de S. Francisco de Assis) e que o Coral Cantata Viva interpretou: Bênção