Foto - Sílvia Moscoso: Guadramil - Rio de Onor
Para além da curva da estrada
Talvez haja um poço, e talvez um castelo,
E talvez apenas a continuação da estrada.
Não sei nem pergunto.
Enquanto vou na estrada antes da curva
Só olho para a estrada antes da curva,
Porque não posso ver senão a estrada antes da curva.
De nada me serviria estar olhando para outro lado
E para aquilo que não vejo.
Importemo-nos apenas com o lugar onde estamos.
Há beleza bastante em estar aqui e não noutra parte qualquer.
Se há alguém para além da curva da estrada,
Esses que se preocupem com o que há para além da curva da estrada.]
Essa é que é a estrada para eles.
Se nós tivermos que chegar lá, quando lá chegarmos saberemos.
Por ora só sabemos que lá não estamos.
Aqui há só a estrada antes da curva, e antes da curva
Há a estrada sem curva nenhuma.
Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
in "Poemas Inconjuntos"
Parece ser o segredo da felicidade do homem. Amanhã preocupar-me-ei com o amanhã. Vivo o agora tirando dele aquilo que de melhor dele posso tirar. Mas qual é o meu conceito de felicidade? Tem como pressuposto os valores que professo desde antes, mas estes só tem sentido se perspectivados para algo que está depois ... A vida tem sentido porquê? Viver o momento é apenas a visão simplista da vida porque há vida depois da curva.
ResponderEliminarCaro "Anónimo":
ResponderEliminarCada poema, um desafio.
Obrigado por tão acertada reflexão!
JRF
Olá José Rui, boa tarde; não sei porquê, de novo
ResponderEliminarnão aparece um comentário que fiz a este seu post. Não duvido que seja da minha inaptidão nestas ciber andanças.
Tocou-me tanto reler este poema, que por causa disso escrevi um outro que lhe enviarei por mail.
Fico grata por me ter relembrado Caeiro.
Bj
Maria Mamede