Amor, que o gesto humano n'alma escreve,
vivas faíscas me mostrou um dia,
donde um puro cristal se derretia
por entre vivas rosas e alva neve.
A vista, que em si mesma não se atreve,
por se certificar do que ali via,
foi convertida em fonte, que fazia
a dor ao sofrimento doce e leve.
Jura Amor que brandura de vontade
causa o primeiro efeito; o pensamento
endoudece, se cuida que é verdade.
Olhai como Amor gera num momento,
de lágrimas de honesta piedade,
lágrimas de imortal contentamento.
Luís de Camões
(c. 1524-1580)
Poema que aqui partilho depois de reler mais de uma dezena de sonetos.
Continuo a maravilhar-me com o que de tão belo há 500 anos foi escrito!
Olá Zé Rui, bom dia .
ResponderEliminarA Lírica de Camões sempre me encantou.
Muito bem escolhido este poema, doce e dolente...
também merece um Adágio.
Bj.
Maria Mamede