Finalmente o aguardado CD Jardins de Luz, com obras do grande amigo Carlos Gutkin, interpretadas por ele próprio. Neste CD participo tocando na Suite Piazzollana (3 andamentos).
Com orgulho cito aqui as gentis palavras de Carlos Gutkin, que podem ler-se nos agradecimentos:
A José Rui Fernandes, companheiro das "andanças musicais" do Duo Atlântico, e flautista de fina sensibilidade. Obrigado pela sua interpretação na "Suite Piazzollana", obra esta que lhe é dedicada.
Como descrever este disco que, mesmo sendo suspeito, me atrevo a classificar como um dos melhores discos de guitarra que já ouvi? Transcreverei aqui o que foi escrito pelo próprio compositor:
As obras que se apresentam neste CD são fruto das raízes musicais e culturais que influíram na minha formação como músico e guitarrista: de Cuba, os ritmos sincopados do Son que se podem encontrar, por exemplo, em Son da Primavera ou em Sonete de Outono. Da Argentina, as três peças da Suite Piazzollana para Flauta e Guitarra, escritas em homenagem a Astor Piazzolla. Vemos por exemplo que na Milonga-Son confluem os elementos melódico e rítmico característicos do Son cubano (como as síncopas) e os elementos rítmico e harmónico do Tango e da Milonga argentina. No segundo tango, Triste como un tango triste, aparece o elemento romântico e lírico do tango contrastando com duas secções de dança. O terceiro tango da Suite Piazzollana, Volando Contigo, começa com um arpejo rítmico e contrapontístico cíclico, e a Flauta insiste em perpetuar uma simples melodia, terminando num frenesim rítmico, quase improvisado, com ritmos próximos do Candomblé. Em algumas obras sentimos a presença de formas próximas do Pop, como em Ícaro II ou La Luz y tu piel, e noutras estão presentes características do género clássico Romântico, como nas valsas Vals de Vez e Valsa do Fim de Ano (nesta última estão presentes também citações do Joropo venezuelano) e no tremolo de O Alquimista, composta para a peça de teatro “A Procura do Presente” em 1987, e Introdução ao Alquimista composta mais tarde, em 2001, para criar equilíbrio e contraste com a secção do tremolo. Quando escrevi a peça Jardins de Luz, título que também dá nome a este disco, deixei-me seduzir pelas possibilidades rítmicas e hamónicas que tinha conseguido, próximas das linguagens da música electrónica (pelo elemento rítmico e melódico em ostinato), da linguagem contemporânea e do jazz (pelo seu contexto harmónico) e das linguagens próximas da música pop, do rap e também do flamenco - pelos ritmos sincopados característicos utilizados. É desde os primeiros compassos que se pode perceber esta linguagem «híbrida».
Carlos Gukin
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