sábado, 24 de outubro de 2009

Ao longe os barcos de flores

Foto: Kerry Kriger - O sol da meia-noite, Stikkysholmur, Islândia.
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila,
- Perdida voz que de entre as mais se exila,
- Festões de som dissimulando a hora

Na orgia, ao longe, que em clarões cintila
E os lábios, branca, do carmim desflora...
Só, incessante, um som de flauta chora,
Viúva, grácil, na escuridão tranquila.

E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite, fora,
Cauta, detém. Só modulada trila
A flauta flébil... Quem há-de remi-la?
Quem sabe a dor que sem razão deplora?

Só, incessante, um som de flauta chora...

(1867-1926)

8 comentários:

  1. Olá :)

    Há um prémio para este espaço, cheio de sensibilidade!

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  2. Ana Paula, muito me alegra que tenhas encontrado neste blogue um espaço que vale a pena ler, ver e ouvir!
    Agradeço que o tenhas distinguido com esse "just perfect"!

    O meu obrigado e um beijo,
    José Rui

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  3. Um poema fantástico! Obrigada pela partilha. Beijos.

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  4. É o que me fazem sentir alguns sons de flauta: um choro solitário...

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  5. Confesso que não sou particular apreciadora de Camilo Pessanha, no entanto, devo dizer que este poema é muito bonito e que, em conjunto com a foto, criou um post de sensibildade. Gostei imenso.

    Beijos

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  6. Leia-se acima sensibilidade, obviamente...

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  7. Porque gostarás tu deste poema, flautista de Hamelin?

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  8. Olá meu querido Amigo; há tanto que não apareço...disso me penitencio!
    Quanto ao poema de Camilo Pesanha e à flauta, à isso!!!!!!!!
    ..."e a flauta chora", por isso é ´~ao cara ao meu coração.
    Beijos
    Maria Mamede

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