Nada do mundo mais próximo
mas aqueles a quem negamos a palavra
o amor, certas enfermidades, a presença mais pura
ouve o que diz a mulher vestida de sol
quando caminha no cimo das árvores
«a que distância da língua comum deixaste
o teu coração?»
A altura desesperada do azul
no teu retrato de adolescente há centenas de anos
a extinção dos lírios no jardim municipal
o mar desta baía em ruínas ou se quiseres
os sacos do supermercado que se expandem nas gavetas
as conversas ainda surpreendentemente escolares
soletradas em família
a fadiga da corrida domingueira pela mata
as senhas da lavandaria com um "não esquecer" fixado
o terror que temos
de certos encontros de acaso
porque deixamos de saber dos outros
coisas tão elementares
o próprio nome
Ouve o que diz a mulher vestida de sol
quando caminha no cimo das árvores
«a que distância deixaste
o coração?»
mas aqueles a quem negamos a palavra
o amor, certas enfermidades, a presença mais pura
ouve o que diz a mulher vestida de sol
quando caminha no cimo das árvores
«a que distância da língua comum deixaste
o teu coração?»
A altura desesperada do azul
no teu retrato de adolescente há centenas de anos
a extinção dos lírios no jardim municipal
o mar desta baía em ruínas ou se quiseres
os sacos do supermercado que se expandem nas gavetas
as conversas ainda surpreendentemente escolares
soletradas em família
a fadiga da corrida domingueira pela mata
as senhas da lavandaria com um "não esquecer" fixado
o terror que temos
de certos encontros de acaso
porque deixamos de saber dos outros
coisas tão elementares
o próprio nome
Ouve o que diz a mulher vestida de sol
quando caminha no cimo das árvores
«a que distância deixaste
o coração?»
José Tolentino de Mendonça (1965)
Aceitei o desafio da Eduarda para encontar uma música que ilustrasse "A presença mais pura". Pensei num tema com grande simplicidade, clareza harmónica, que à pergunta "a que distância deixaste o coração?", nos levasse a interrogarmo-nos, e no final da sua audição nos fizesse sentir mais próximo daqueles que tantas vezes ignoramos, daqueles que o acaso (?) coloca no nosso caminho, e escutar no nosso coração o apelo da "Mulher vestida de sol".
As colunas de som avariaram. Prometo que quando as tiver eu venho ouvir. Beijos.
ResponderEliminarJosé Rui
ResponderEliminarNão esperava tanta rapidez!
Que binómio Santo Deus...!!!!!
Fiquei encantada e adoraria pôr um link na barra
lateral do blog com o poema e música.
Posso?
Um dia destes, faço outro desafio.
Grande Abraço
Paula Raposo, vale bem a pena ouvir, esta música é uma experiência espiritual! É assim a música de Arvo Pärt!...
ResponderEliminarEduarda, este desafio foi para mim muito interessante. Eu próprio me surpreendi! Ainda bem que o lançou!
Olá, José Rui :)
ResponderEliminarAdoro o Arvo Pärt. E o Spiegel im Spiegel é absolutamente divinal!
Considero uma excelente e uma belíssima escolha.
Votos de uma boa semana.
Fátima (Contracena), sim oiça a música, ela diz tanto... Arvo Pärt entra em nós até sem darmos por isso... ele explica porquê no vídeo que pode ver-se a partir da mensagem cujo link deixei.
ResponderEliminarCada pessoa, cada visão... mas não escolheria a missa de "Requiem" de Fauré... tudo me sugeriu vida, não a morte! É em vida que somos chamados a não negar a palavra Amor ao próximo, é em vida que corremos de um lado para o outro quase sem dar atenção a quem a reclama, é em vida que somos chamados a aproximar o nosso coração. Depois da vida, assim acredito, a comunhão com a "Mulher vestida de sol" será plena!
Ana Paula, fico contente que tenha gostado! Arvo Pärt, é para mim um dos grandes compositores do séc. XX! Do quase nada faz tudo!
Não deixe de ir aos links que indico para conhecer mais sobre ele!
Musica á flor da pele tocada soprada...sentida vivida...
ResponderEliminarQue extãse depois de um longo dia de trabalho de campo.
(e sempre vou aprendendo sobre compositores que desconheço :-)
Boa noite.
Bj
Um bom desafio e gostei da música escolhida..
ResponderEliminarObrigada pela partilha..
Obrigada pela visita.
Beijos e abraços
Marta
Olá, Zé Rui, gostei muito ler o seu blog de hoje com a linda peça de música de Arvo Pärt que já tive o prazer de ouvir, num concerto executado pelo Duo Fiolano, numa ocasião aqui em Rottenburg mas que ainda não tinha em gravação ou disco. Por isso aproveitei a sua apresentação para fazer um download por meio do RealPlayer. Assim poderei gravá-la no leitor de MP3 e ouvi-la mais vezes. Mas esta peça invulgar, formalmente muito simples que consegue fazer vibrar umas cordas especiais do nosso coração e do nosso espírito, não se deve ouvir vezes demais em seguida para não perder a sua graça excepcional, acho.
ResponderEliminarTambém fui rever o seu blog do 8 de Maio, em que apresentou um excerto do In Principio do mesmo autor que também é muito bonito e que valeria a pena comprar em disco. - Também gostei do lindo poema da mulher vestida de sol do José Tolentino de Mendonça.
Você tem muito jeito em encontrar coisas lindas Muito obrigado pelos avisos.
Um abraço cordial do Helmut G