sábado, 26 de dezembro de 2009

Plano

Alfred Gockel: Romance in an Exotic Place

Trabalho o poema sobre uma hipótese: o amor
que se despeja no copo da vida, até meio, como se
o pudéssemos beber de um trago. No fundo,
como o vinho turvo, deixa um gosto amargo
na boca. Pergunto onde está a transparência do
vidro, a pureza do líquido inicial, a energia
de quem procura esvaziar a garrafa; e a resposta
são estes cacos que nos cortam as mãos, a mesa
da alma suja de restos, palavras espalhadas
num cansaço de sentidos. Volto, então, à primeira
hipótese. O amor. Mas sem o gastar de uma vez,
esperando que o tempo encha o copo até cima,
para que o possa erguer à luz do teu corpo
e veja, através dele, o teu rosto inteiro.

5 comentários:

  1. Voltas do Natal em forma de poema. :)

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  2. Susana, a poesia está em mim em toda a hora. Não a escrevo porque a toco. Deixo a escrita para quem muito bem o sabe fazer. Eu deleito-me lendo-a e assim desfruto dela.

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  3. Não posso dizer que a poesia está em mim. Mas é certo que há sete minutos atrás lia poesia Haiku ao som de Gustav Mahler. Fui saltando entre sinfonias, aleatoriamente no youtub. Agora vou para 2666, até chegar o sono. Dias de férias!

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  4. Palavras de quem conhece do Amor todas as faces...
    Também espero, tal como Nuno Júdice, que ele encha o copo e por isso o vou tentando beber a pequenos goles.
    Um bj meu querido Amigo
    Maria Mamede

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