quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Vinda do Céu, vindo da Céu

Um comentário à minha mensagem No meio do silêncio parece vindo do Céu... lembrou-me de como associamos os afectos ao que ouvimos, comemos, bebemos, aprendemos, vivemos.
Curiosamente, Isabel Stilwell referia isso ontem no seu programa Dias do Avesso, na Antena 1, que "a memória e a aprendizagem só se faz através dos afectos". Gostei de ouvir isso porque é o que tenho procurado fazer enquanto professor.
Voltando ao comentário à minha mensagem, é magnifico como anos mais tarde, reviver algo traz à memória os afectos. Não pude deixar de me recordar também das vindimas com os meus avós, do esmagar das uvas, do carinho que o meu avô punha na sua arte intuitiva e bela, do prazer que tinha em ter-me junto dele a fazer tudo isso. Nessa quinta, na encosta de um monte, em socalcos, havia videiras, árvores de fruto, aromáticos morangos selvagens, e o amor de quem cuidava com gosto do pouco de onde se fazia muito.
Depois de feito o vinho, e já no tempo mais frio das enormes geadas de Bragança, vinha a altura de fazer a aguardente. Lindo, aquele gota a gota que saía do alambique, e que de quando em quando se punha nos lábios para controlar o equilíbrio do aroma. A alguma dela era adicionada a chamada "ginja garrafal", para produzir a conhecida ginginha. Depois do S. Martinho lá se provava o vinho. Ah, mas tudo nascia das nossas mãos e isso dava-lhe outro sabor... sem dúvida que estou de acordo, estes produtos e o que a eles associamos têm 20 valores. Obrigado, Maria do Céu. Gostei muito do seu comentário e acho que outros que o leiam reviverão memórias de tempos passados mas com afectos sempre presentes.

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