sábado, 29 de agosto de 2009

O que estou a ouvir

Musicalmente falando sou, como já dizia Sócrates - o filósofo - um "cidadão do mundo". E não me refiro apenas à música erudita, onde nunca olho a nacionalidades para a escolha de uma obra a interpretar. O mesmo sinto em relação às músicas nacionais de diversos países. Como não adorar a flauta irlandesa (grande Chris Norman!) e a adorável música que com ela se faz?
Mas hoje falarei de um instrumento que canta a identidade de um povo. Um instrumento que chora as mágoas do primeiro genocídio do séc. XX, mas também canta as glórias da enorme riqueza cultural que esse país possui e espalha pelo mundo. O país: Arménia; o instrumento: Duduk.
Fiquei impressionado com a beleza da música que é possível extrair de um instrumento tão simples e tão limitado no número de notas (genericamente apenas uma oitava), cujas origens remontam a 3000 anos. Mas o que lhe falta em recursos compensa-o em expressão. Oiça-se um dos grandes intérpretes, Jivan Gasparyan, e logo se compreenderá do que falo!
O CD que estou a ouvir resulta do encontro de Jivan Gasparyan com o iraniano Hossein Alizedeh (um dos mestres do Tar, um alaúde persa), ao qual se juntam outros grandes músicos. Reuniu-se assim um grupo que interpreta músicas da tradição arménia e persa, com momentos de uma beleza quase hipnótica, capaz de nos transportar para outras paragens, com sonoridades bem distintas da nossa música ocidental. Uma descoberta para mim que aqui partilho, um CD para "espreitar" na Amazon (ou onde o encontrarem!...).

Um agradecimento à minha colega arménia Marina Dellalyan, que me sensibilizou para uma mais atenta audição do Duduk e indicou alguns nomes dos seu principais executantes.
Acrescento ainda que o Duduk e sua música foram decretados pela UNESCO, em 2005, Património Cultural Imaterial da Humanidade.

1 comentário:

  1. Aprendi o que é uma oitava e ouvi uns excertos do CD. Não tenho muitas dúvidas de que esta seja aquela música que não gosto. Que lhe falta ou que me falta para a apreciar não sei, porque a história que contas e o instrumento criam desafio. São talvez os sons sofridos. parece choro... Talvez não a saiba ouvir.

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