quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Palavras minhas

Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.

Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.

Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...

Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
- que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas.
Pedro Tamen
(n. 1934)

Este belo poema foi muito bem cantado por Carlos do Carmo no CD "Do Outro Lado", de Carlos Martins. A fusão com o Jazz resultou lindíssima. Refiro isso na mensagem O que estou a ouvir de 13.11.08.

1 comentário:

  1. palavras que não contam o que sinto
    e no meu peito cativo a toda a hora.
    numa tristeza que chegou e se demora
    naquilo que omito, mas não minto.

    palavras que transbordam do olhar
    e em sorrisos falam pelos lábios.
    tímidos desejos, gestos núbios,
    que apenas sussuram este amar

    palavras que guardarei para toda a vida
    na caixa da saudade mais saudosa,
    com aromas de canela, cravo, e rosa,
    sabor de bem desfolhar a margarida.

    palavras que desfiarei em letras,
    mantos de seda que tecerás de novo.
    no teu fresco poema me comovo
    em reinventados sins, neles me sequestras!



    um abraço
    luísa

    ResponderEliminar