sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Visionário ou Som e Cor III










Alucina-me a Cor! - A Rosa é como a Lira,
A Lira pelo tempo há muito engrinaldada,
E é já velha a união, a núpcia sagrada,
Entre a cor que nos prende e a nota que suspira.

Se a terra, às vezes, cria a flor que não inspira,
A teatral camélia, a branca enfastiada,
Muitas vezes, no ar, perpassa a nota alada
Como a perdida cor de alguma flor, que expira…

Há plantas ideais de um cântico divino,
Irmãs do Oboé, gémeas do Violino,
Há gemidos no azul, gritos no carmesim…

A magnólia é uma harpa etérea e perfumada
E o cacto, a larga flor, vermelha, ensanguentada,
- Tem notas marciais: soa como um clarim.
(1848-1921)

Uma curiosidade, esta relação entre cores, flores e instrumentos musicais!
Para ser um soneto perfeito só faltava aqui uma Flauta!

1 comentário:

  1. É sempre uma delícia, nestes calores de Verão, sentir a frescura de uma poesia. E recordar momentos musicais com vozes e, também, flauta.
    Boas férias e que esse espírito continue sempre activo e sonhador. Para nossa delícia, que, mesmo calados, sentimos e vivemos momentos de reflexão e interioridade.
    Um abraço.
    JLF

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