sábado, 3 de outubro de 2009

O entardecer

Leves sejam para ti, ao entardecer,
As minhas palavras, como o rastilhar das folhas
Da amoreira, nas mãos de quem as colhe
Silencioso, e ainda se demora no lento trabalho
Ao cimo da escada, escurecendo
Junto ao tronco, que se tinge de prata
Com os seus ramos nus,
Enquanto a Lua se aproxima das soleiras
Azuladas, e estende diante de si um véu
Onde jaz o nosso sonho,
Parecendo que o tempo já se sente
Por ela submerso no gelo nocturno
E que dela já bebe a esperada paz,
Sem vê-la.

Louvado sejas, ó entardecer, pelo teu rosto de pérola,
E pelos teus grandes olhos marejados,
Onde vem desaguar a água do céu!

(...)
Gabriele d'Annunzio
(1863-1938)
O entardecer em Fiésole

1 comentário:

  1. se as tuas palavras forem doces e serenas.
    se de ti me quiserem falar.
    do tanto que não sei e vejo em filmes
    que a minha mente teima em passar.
    dos dias em que uma longa viagem
    te faz navegar em outro mar.
    das tarde em que as folhas deste outono
    te caem no regaço com recados meus.
    de como as desembrulhas e lês as suas linhas
    e de como olhas a seiva nelas a brotar.
    nelas te remeto a humidade do meu corpo e a chuva dos meus olhos por não te ver chegar.
    se as tuas palavras forem doces e serenas.
    e de ti me quiserem falar.
    mesmo que não seja o que quero ouvir
    mil vezes o prefiro... a ver-te partir!


    um beijo
    luísa

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