Manuel Alegre, poeta que admiro, nem sempre de acordo com as suas ideias, mas sem dúvida um pensador, defensor da democarcia e da liberdade, um inconformado que se recusa a deixar-se massificar. Aqui destaco um poema que me remeteu para a poesia de Camões ("Aquela triste e leda madrugada"). Foi brilhantemente musicado por José Niza e Cantado por Adriano Correia de Oliveira:
E alegre se fez triste
Aquela clara madrugada que
Viu lágrimas correrem do teu rosto
E alegre se fez triste como se
Chovesse de repente em pleno Agosto.
Ela só viu dedos nos teus dedos
meu nome no teu nome. E demorados
Viu nossos olhos juntos nos segredos
Que em silêncio dissemos separados.
A clara madrugada em que parti.
Só ela viu teu rosto olhando a estrada
Por onde um automóvel se afastava.
E viu que a pátria estava toda em ti.
E ouviu dizer-me adeus: essa palavra
Que fez tão triste a clara madrugada.
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