terça-feira, 11 de novembro de 2008

No teu poema

Trauteava na cabeça uma canção de José Luís Tinoco que se tornou conhecida na voz de Carlos do Carmo:
Tem poesia na letra, tem poesia na música.
De tão bela que é, resolvi publicá-la aqui.


No teu poema

Existe um verso em branco e sem medida
Um corpo que respira, um céu aberto
Janela debruçada para a vida

No teu poema
Existe a dor calada lá no fundo
O passo da coragem em casa escura
E aberta uma varanda para o mundo

Existe a noite
O riso e a voz refeita à luz do dia
A festa da Senhora d'Agonia e o cansaço
Do corpo que adormece em cama fria

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte

No teu poema
Existe o grito e o eco da metralha
A dor que sei de cor mas não recito
E os sonos inquietos de quem falha

No teu poema
Existe um cantochão alentejano
A rua e o pregão de uma varina
E um barco assoprado a todo o pano

Existe um rio
O canto em vozes juntas, vozes certas
Canção de uma só letra e um só destino a embarcar
No cais da nova nau das descobertas

Existe um rio
A sina de quem nasce fraco ou forte
O risco a raiva e a luta de quem cai ou que resiste
Que vence ou adormece antes da morte


No teu poema

Existe a esperança acesa atrás do mundo
Existe tudo mais que ainda me escapa
E um verso em branco à espera do futuro

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